A prosa, por sua
vez, alargava a sua área de interesse ao
incluir preocupações novas de ordem política, social, econômica, humana e
espiritual. A piada foi sucedida pela gravidade de espírito, a seriedade da
alma, propósitos e meios. Essa geração foi grave, assumindo uma postura séria
em relação ao mundo, por cujas dores, considerava-se responsável. Também
caracterizou o romance dessa época, o encontro do autor com seu povo, havendo
uma busca do homem brasileiro em diversas regiões, tornando o regionalismo
importante. A Bagaceira, de José Américo de Almeida,
foi o primeiro romance nordestino. Rachel de Queiroz, Jorge Amado, José Lins do
Rego, Érico Verissimo, Graciliano Ramos e outros escritores criaram um estilo
novo, completamente moderno, totalmente liberto da linguagem tradicional, nos
quais puderam incorporar a real linguagem regional, as gírias locais. O humor
quase piadístico de Drummond receberia influências de Mário e Oswald de
Andrade. Vinícius, Cecília, Jorge de Lima e Murilo Mendes apresentaram certo
espiritualismo que vinha do livro de Mário Há
uma Gota de Sangue em Cada Poema (1917).
Segunda Geração Modernista
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
Segunda Geração Modernista (POESIA)
Estendendo-se de 1930 a 1945, a segunda fase foi rica na produção poética
e, também, na prosa. O universo temático amplia-se com a preocupação dos
artistas com o destino do Homem e no estar-no-mundo. Ao contrário da sua
antecessora, foi construtiva. Não sendo
uma sucessão brusca, as poesias das gerações de 22 e 30 foram contemporâneas. A
maioria dos poetas de 30 absorveram experiências de 22, como a liberdade
temática, o gosto da expressão atualizada ou inventiva, o verso livre e o
antiacademicismo. Portanto, ela não precisou ser tão combativa quanto a de 22,
devido ao encontro de uma linguagem poética modernista já estruturada. Passara,
então, a aprimorá-la, prosseguindo a tarefa de
purificação de meios e formas direcionando e ampliando a temática da
inquietação filosófica e religiosa, com Vinícius de Moraes, Jorge de Lima,
Murilo Mendes, Carlos Drummond de Andrade.
Principais Autores da Prosa
Rachel de Queiroz
''Caminhos de Pedra''
''Três Marias''
''Memorial de Maria Moura.''
Principais obras:
O País do Carnaval, romance (1930)
Cacau, romance (1933)
Suor, romance (1934)
Jubiabá, romance (1935)
Mar morto, romance (1936)
Capitães da areia, romance (1937)
A estrada do mar, poesia (1938)
ABC de Castro Alves, biografia (1941)
O cavaleiro da esperança, biografia (1942)
Terras do Sem-Fim, romance (1943)
São Jorge dos Ilhéus, romance (1944)
Bahia de Todos os Santos, guia (1945)
Seara vermelha, romance (1946)
O amor do soldado, teatro (1947)
O mundo da paz, viagens (1951)
Os subterrâneos da liberdade, romance (1954)
Gabriela, cravo e canela, romance (1958)
A morte e a morte de Quincas Berro d'Água, romance (1961)
Os velhos marinheiros ou o capitão de longo curso, romance (1961)
Os pastores da noite, romance (1964)
O Compadre de Ogum, romance (1964)
Dona Flor e Seus Dois Maridos, romance (1966)
Tenda dos milagres, romance (1969)
Teresa Batista cansada de guerra, romance (1972)
O gato Malhado e a andorinha Sinhá, historieta infanto-juvenil (1976)
Tieta do Agreste, romance (1977)
Farda, fardão, camisola de dormir, romance (1979)
Do recente milagre dos pássaros, contos (1979)
O menino grapiúna, memórias (1982)
A bola e o goleiro, literatura infantil (1984)
Tocaia grande, romance (1984)
O sumiço da santa, romance (1988)
Navegação de cabotagem, memórias (1992)
A descoberta da América pelos turcos, romance (1994)
Hora da Guerra, crônicas (2008)
O milagre dos pássaros , fábula (1997)
José Lins do Rego
José Lins do Rego Cavalcanti nasceu em 1901, no Estado da Paraíba, e morreu em 1957 na cidade do Rio de Janeiro.Viveu a maior parte de sua vida em Recife, cidade onde se formou em Direito. A partir de 1936, passou a viver na cidade do Rio de Janeiro.O dia a dia e os costumes tanto de Pernambuco quanto do Rio de Janeiro eram evidentes em suas obras literárias.
Ele deu início ao conhecido Ciclo da Cana-de-Açúcar com a obra: Menino de Engenho. Além deste livro, este notável escritor escreveu outros livros, como: Doidinho, Banguê, O Moleque Ricardo e Usina. Este último possui narrativa descritiva do meio de vida nos engenhos e nas plantações de cana-de-açúcar do Nordeste.
Em sua segunda fase, José Lins do Rego escreveu romances que tinham como tema a vida rural. Deste período, fazem parte as seguintes obras: Pureza, Pedra Bonita, Riacho Doce e Agua Mãe.
No ano de 1943 publicou o livro Fogo Morto, considerado a sua obra-prima; posteriormente escreveu Euridice, Cangaceiros, alguns ensaios, crônicas e outras obras.
Este notável escritor foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras e teve suas obras traduzidas para diferentes idiomas, entre eles, o russo. Antes de morrer, escreveu um livro de memórias chamado: Meus Verdes Anos.
Principais obras:
Menino de engenho (1932)
Doidinho (1933)
Bangüê (1934)
O Moleque Ricardo (1935)
Usina (1936)
Pureza (1937)
Pedra bonita (1938)
Riacho doce (1939)
Fogo morto (1943)
Eurídice (1947)
Cangaceiros (1953)
Gordos e magros (1942)
Poesia e vida (1945)
Homens, seres e coisas (1952)
A casa e o homem (1954)
Meus verdes anos (1956)
O vulcão e a fonte (1958)
Dias idos e vividos (1981)
Érico Verissimo
Nasceu cm Cruz Alta, Rio Grande do Sul, em 17 de dezembro de 1905. Filho de família abastada que se arruinou economicamente, acabou trabalhando de farmacêutico, e na Livraria do Globo até que em 1931 transferiu-se em definitivo para Porto Alegre, onde se tornou diretor da Revista do Globo.
O fim de seu anonimato veio com a publicação de Olhai os Lírios do Campo. Seu primeiro conto publicado tinha forte inclinação regionalista e chamava-se Ladrão de Gado. Alcançou o topo de sua carreira de escritor com O Tempo e o Vento, que conta a formação social do Rio Grande do Sul, verdadeiro monumento literário. Projetou-se no país e no exterior e conseguiu o difícil feito de profissionalizar-se como escritor, situação alcançada por muito poucos em língua portuguesa.
Sentindo-se sufocado pelo Estado Novo, aceitou em 1943 um cargo como professor universitário em Berkley, nos EUA, mesmo não tendo concluído oficialmente o segundo grau. Durante a sua vida viajou muito, sobretudo nos anos 50, quando teve um cargo na União Pan-Americana.
Infelizmente não chegou a completar o segundo volume de sua autobiografia, Solo de Clarineta, que seria uma trilogia, faleceu em 28 de novembro de 1975, em Porto Alegre.
Principais obras:
Clarissa(1933);
Caminhos cruzados(1935);
Música ao longe(1935);
Um lugar ao sol(1936);
Olhai os lírios do campo(1938);
Saga(1940);
O resto é silêncio(1942);
O tempo e o vento:
I - O continente(1948), II - O retrato(1951), III - O arquipélago(1961);
O senhor embaixador(1965);
O prisioneiro(1967);
Incidente em Antares(1971).
Graciliano Ramos
Graciliano Ramos nasceu em Quebrângulo (AL), em 1892. Um dos 15 filhos de uma família de classe média do sertão nordestino, passou parte da infância em Buíque (PE) e outra em Viçosa (AL). Fez estudos secundários em Maceió, mas não cursou faculdade. Em 1910, sua família se estabelece em Palmeira dos Índios (AL).
Em 1914, após breve estada no Rio de Janeiro,trabalhando como revisor, retorna à cidade natal, depois da morte de três irmãos, vitimados pela peste bubônica. Passa a fazer jornalismo e política em Palmeira dos Índios, chegando a ser prefeito da cidade (1928-30).
Em 1925, começa a escrever seu primeiro romance, Caetés - que viria a ser publicado em 1933. Muda-se para Maceió em 1930, e dirige a Imprensa e Instrução do Estado. Logo viriam "São Bernardo" (1934) e "Angústia" (1936, ano em que foi preso pelo regime Vargas, sob a acusação de subversão).
Memórias do Cárcere (1953) é um contundente relato da experiência na prisão. Após ser solto, em 1937, Graciliano transfere-se para o Rio de Janeiro, onde continua a publicar não só romances, mas contos e livros infantis. Vidas Secas é de 1938.
Em 1945, ingressa no Partido Comunista Brasileiro. Sua viagem para a Rússia e outros países do bloco socialista é relatada em Viagem, publicado em 1953, ano de sua morte.
Principais obras:
São Bernardo (1934)
Vidas Secas (1938)
Angústia (1936)
Principais Autores da Poesia
Vinicius de Moraes
Marcus Vinicius da Cruz
Mello Moraes nasceu em 19 de outubro de 1913, no Rio de Janeiro. Atraído pela
música desde cedo, Vinícius de Moraes teve seu primeiro poema musical publicado
na revista A Ordem, em 1932. Morreu também no Rio de Janeiro, a 9 de julho de
1980. Os primeiros passos de sua carreira estão ainda sob influências neo-
simbolistas, contendo certo misticismo. Porém, logo modificou seu estilo para o
erotismo, em contraste à suas obras de tom bíblicas anteriores. Nesta segunda
fase, Vinícius de Moraes é caracterizado por inovações na ordem formal, a mais
notável destas seria o aparecimento dos sonetos. Revela também, nesta segunda
fase, uma valorização para o momento, com as coisas acontecendo de repente.
Seus poemas trabalharam também com a felicidade e/ou a infelicidade muitas
vezes, também. O autor procurou também escrever algumas poesias no ramo social. Fez também importante colaboração para a música
nacional, cantando no estilo bossa nova.
Principais obras:
O Caminho para a Distância
Forma e Exegese
Ariana, a Mulher
Novos Poemas
Cinco Elegias
Poemas, Sonetos e baladas
Pátria Minha
Livro de Sonetos
O Mergulhador
A Arca de Noé
Jorge de Lima
Jorge Mateus de Lima nasceu em União dos Palmares, AL, 1895 e morreu no Rio de Janeiro em 1953. No país em que p. Antônio Vieira elaborou inúmeros de seus memoráveis ‘Sermões’, já disseram que esse poeta do século XX foi o maior escritor barroco nacional; outro crítico o denominou de o maior poeta brasileiro de todos os tempos; um ficcionista de renome disse ter testemunhado uma confidência segundo a qual o autor do ‘Livro de Sonetos’ganharia, em breve, o Prêmio Nobel, se não tivesse morrido. Jorge de Lima suscita paixões inflamadas em quem quer que se aproxime de sua obra com a atenção necessária. Tendo ficado famoso logo após o Modernismo com poemas que seguiam o programa do movimento, ele logo se distinguiu por criar uma obra de grandeza incomparável. ‘Invenção de Orfeu’, sua obra monumental, é um poema cosmogônico de estrutura sinfônica, no qual, através de um emaranhado de poemas a um só tempo independentes e, de certa forma, interligados, o demiurgo flagra o momento preciso em que o caos originário quer se manifestar em qualquer ordem possível. Se Platão ensinou que poesia é a passagem do não-ser ao ser, de tal forma que o originário continue se manifestando na superfície, Jorge de Lima é o poeta por excelência, o poeta dos poetas, o poeta dos pensadores.
Principais obras:
XIV Alexandrinos (1914)
O Mundo do Menino Impossível (1925)
Poemas (1927)
Essa Negra Fulô (1928)
Novos Poemas (1929)
O Anjo (1934)
Calunga (1935)
Tempo e Eternidade (1935)
A Túnica Inconsútil (1938)
A Anunciação e Encontro em Mira-Celi (1940)
Livro de Sonetos (1949)
Invenção de Orfeu (1952)
Poesia Completa (1998)
Murilo Mendes
Murilo Monteiro Mendes nasceu em 1901, em Juiz de Fora, Minas Gerais. Iniciou os estudos em sua terra natal e depois no Colégio Salesiano, em Niterói. Depois de formado exerceu diversas atividades profissionais, como dentista, telegrafista, auxiliar de guarda-livros, notário e Inspetor Federal de Ensino.
Quando rapaz, por não conseguir se encaixar na escola ou no trabalho, foi morar com seu irmão mais velho no Rio de Janeiro. Onde acabou firmando-se como escrivão.
Sob a influência de Belmiro Braga, mestre e vizinho iniciou nas letras e passou a participar, eventualmente, de publicações modernistas como, “Terra Roxa e Outras Terras” e “Antropofagia onde, aos 24 anos publicou o poema Mapa.
Em 1930, publicou “Poemas”, seu primeiro livro, sempre negando ser filiado de algum movimento específico, nem mesmo do Modernismo, até que em 1934 converteu-se ao Catolicismo e, com Jorge de Lima, dedicou-se à poesia religiosa, mística, num movimento de "restauração da poesia em Cristo".
De 1953 a 1955 percorreu diversos países da Europa, divulgando, em conferências, a cultura brasileira. Em 1957, se estabeleceu em Roma, onde lecionou Literatura Brasileira. Faleceu, em Portugal, em 1975.
Principais obras:
Poemas (1930)
História do Brasil (1932)
Tempo e Eternidade. Colaboração de Jorge de Lima (1935)
O Sinal de Deus (1936)
A Poesia em Pânico (1936)
O Visionário (1941)
As Metamorfoses (1944)
O Discípulo de Emaús (1945; 1946)
Mundo Enigma (1945)
Poesia Liberdade (1947)
Janela do Caos (1949)
Contemplação de Ouro Preto (1954)
Poesias (1925-1955).
Tempo Espanhol (1959)
A Idade do Serrote (memórias) (1968)
Convergência (1970)
Poliedro (1972)
Retratos-relâmpago (1973
Carlos Drummond de Andrade
Carlos Drummond de Andrade (Itabira, 31 de
outubro de 1902 — Rio de Janeiro, 17 de agosto de 1987) foi um poeta, contista
e cronista brasileiro.
Nasceu em Minas Gerais, em Itabira. Depois, foi
estudar em Belo Horizonte e Nova Friburgo. Em Belo Horizonte, começou a carreira
de escritor como colaborador do Diário de Minas, que juntava os primeiros
modernistas mineiros. Pela insistência da família, formou-se em farmácia na
cidade de Ouro Preto, em 1925 profissão pela qual demonstrou pouco interesse.
Com Emílio Moura e outros companheiros, fundou
"A Revista" que foi importante para divulgar o modernismo em Minas e
no Brasil
Começou a escrever cedo como, poesia, livros
infantis, contos e crônicas, mas durante a maior parte da vida foi funcionário
público, no Rio de Janeiro, onde foi morar.
Várias obras de Drummond foram traduzidas para o
espanhol, inglês, francês, italiano, alemão, sueco, tcheco e outras línguas.
Em agosto de 1987 morreu a sua única filha, a
cronista Julieta. Doze dias depois, o poeta faleceu. Tinha publicado vários
livros de poesia e obras em prosa - principalmente crônica. Em vida, já era
consagrado como o maior poeta brasileiro de todos os tempos.
O nome de Drummond está associado ao que se fez de
melhor na poesia brasileira, pela grandiosidade e pela qualidade .
Principais obras:
Alguma Poesia (1930)
Brejo das Almas (1934)
Sentimento do Mundo (1940)
José (1942)
A Rosa do Povo (1945)
Claro Enigma (1951)
Fazendeiro do ar (1954)
Quadrilha (1954)
Viola de Bolso (1955)
Lição de Coisas (1964)
Boitempo (1968)
A falta que ama (1968)
Nudez (1968)
As Impurezas do Branco (1973)
Menino Antigo (Boitempo II) (1973)
A Visita (1977)
Discurso de Primavera (1977)
Algumas Sombras (1977)
O marginal clorindo gato (1978)
Esquecer para Lembrar (Boitempo III) (1979)
A Paixão Medida (1980)
Caso do Vestido (1983)
Corpo (1984)
Amar se aprende amando (1985)
Poesia Errante (1988)
O Amor Natural (1992)
Farewell (1996)
Os ombros suportam o mundo
Futebol a arte (1970)
Brejo das Almas (1934)
Sentimento do Mundo (1940)
José (1942)
A Rosa do Povo (1945)
Claro Enigma (1951)
Fazendeiro do ar (1954)
Quadrilha (1954)
Viola de Bolso (1955)
Lição de Coisas (1964)
Boitempo (1968)
A falta que ama (1968)
Nudez (1968)
As Impurezas do Branco (1973)
Menino Antigo (Boitempo II) (1973)
A Visita (1977)
Discurso de Primavera (1977)
Algumas Sombras (1977)
O marginal clorindo gato (1978)
Esquecer para Lembrar (Boitempo III) (1979)
A Paixão Medida (1980)
Caso do Vestido (1983)
Corpo (1984)
Amar se aprende amando (1985)
Poesia Errante (1988)
O Amor Natural (1992)
Farewell (1996)
Os ombros suportam o mundo
Futebol a arte (1970)
Conclusão
A consciência crítica estava presente, e mais do
que tudo, os escritores da segunda geração consolidaram em suas obras questões
sociais bastante graves: a desigualdade social, a vida cruel dos retirantes, os
resquícios de escravidão, o coronelismo, apoiado na posse das terras - todos problemas
sociopolíticos que se sobreporiam ao lado pitoresco das várias regiões retratadas.
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